Primitivos

A criação de peixes primitivos no aquarismo é uma vertente fascinante que atrai aquaristas interessados em espécies com aparência única e histórica. Esses peixes possuem características que remontam aos períodos pré-históricos, exibindo traços que eram comuns a espécies de épocas antigas, como os dinossauros e os primeiros vertebrados aquáticos. O termo “peixes primitivos” se refere a essas espécies que têm morfologias e comportamentos que não mudaram muito ao longo dos milênios, oferecendo uma janela para o passado da vida aquática.
Um exemplo notável dessa vertente é o peixe boca de jacaré, ou Lepisosteus, um gênero de peixes que remonta a cerca de 100 milhões de anos. Com seu corpo alongado e coberto de escamas duras, o Lepisosteus tem uma aparência predatória, com uma boca repleta de dentes afiados. Esses peixes são conhecidos por sua habilidade de viver em águas com pouco oxigênio, devido à sua capacidade de respirar ar atmosférico. Criá-los em aquários exige uma boa compreensão de suas necessidades, como o ambiente com águas mais quentes e a necessidade de um tanque espaçoso, já que algumas espécies podem atingir tamanhos grandes.
Outro peixe primitivo fascinante é a piramboia (Lepidosiren paradoxa), uma espécie que pode ser encontrada em pântanos e rios da América do Sul. A piramboia é um peixe pulmonado, ou seja, além de usar brânquias para respirar, também pode respirar ar atmosférico com seus pulmões. Sua aparência exótica, com um corpo longo e anguiforme, é complementada por suas nadadeiras lobadas, que lembram os primeiros vertebrados que saíram da água. Esse peixe é particularmente interessante para aquaristas que apreciam o desafio de criar animais que exigem um ambiente que imite seu habitat natural, com águas paradas e ricas em matéria orgânica.
O Protopterus, outro peixe pulmonado encontrado em águas da África, é outro exemplo de peixe primitivo. Com sua aparência de “fóssil vivo”, esse peixe tem a capacidade de estocar oxigênio e sobreviver em ambientes com baixos níveis de oxigênio. Sua forma de respiração aérea é um vestígio dos primeiros vertebrados que colonizaram ambientes terrestres. Criá-los exige uma compreensão profunda das condições de água e de como eles se comportam em diferentes estágios de sua vida, incluindo sua fase de estivação, quando podem entrar em um estado de dormência durante períodos secos.
Finalmente, o Polypterus, também conhecido como peixe de nadadeiras lobadas, é outro exemplo impressionante de peixe primitivo. Ele possui um corpo cilíndrico e é dotado de nadadeiras lobadas que lhe conferem um comportamento de natação único. Os Polypterus são altamente resistentes e adaptáveis, o que os torna populares entre aquaristas que buscam uma espécie exótica, mas com uma manutenção relativamente simples. No entanto, essas espécies exigem aquários grandes e bem mantidos, com bons sistemas de filtragem para manter a qualidade da água.
Em resumo, a criação de peixes primitivos é uma vertente do aquarismo que oferece aos aquaristas uma oportunidade de cuidar de espécies únicas e de enorme valor histórico e científico. Cada uma dessas espécies exige cuidados específicos, mas o esforço vale a pena para quem busca manter em aquários peixes que remontam aos primeiros capítulos da evolução dos vertebrados.
Alguns peixes primitivos:





